Um Flamengo blindado e mais maduro domina um fraco campeão Tunisiano
- Igor Schulenburg

- Jun 17
- 3 min read

A bola rolou no Lincoln Financial Field, na Filadélfia, e o Flamengo mostrou que veio para valer no Mundial de Clubes da FIFA. Com uma vitória tranquila por 2 a 0 sobre o Espérance, da Tunísia, o Mengão deu o primeiro passo rumo ao sonho do título mundial, mas deixou algumas lições importantes pelo caminho.
A maturidade de quem não sente o peso da estreia
Se havia alguma dúvida sobre como o elenco rubro-negro reagiria à pressão de uma estreia mundial, ela foi dissipada logo nos primeiros minutos. O Flamengo entrou em campo com 66% de posse de bola, 671 passes contra apenas 288 do adversário, e demonstrou uma paciência cirúrgica para furar a retranca tunisiana. Não houve nervosismo, não houve pressa.
Filipe Luís, em sua análise pós-jogo, foi certeiro: "A gente dominou muito bem o jogo. Tivemos paciência porque era um time que estava muito compacto na parte de trás". Essa capacidade de não se desesperar diante de uma defesa fechada é marca registrada de equipes grandes, e o Flamengo mostrou que chegou aos Estados Unidos com essa mentalidade.
A abertura do placar aos 17 minutos, com Arrascaeta finalizando após jogada bem trabalhada entre Varela e Luiz Araújo, foi a materialização dessa paciência tática. O uruguaio, artilheiro do time na temporada com 13 gols, mais uma vez mostrou faro decisivo em jogos importantes.
O elefante na sala: Gerson e a blindagem do grupo
Impossível falar da estreia sem mencionar o episódio que antecedeu a partida: as vaias a Gerson durante a apresentação dos jogadores. O capitão rubro-negro, com transferência encaminhada para o Zenit da Rússia por 25 milhões de euros, foi recebido com hostilidade por parte da torcida presente no estádio.
Mas aqui reside um dos grandes méritos desta vitória: a capacidade do grupo de se blindar às questões externas. Gerson não apenas jogou como capitão, mas respondeu às vaias com classe, protagonizando lances de efeito e chapéus que arrancaram aplausos da mesma torcida que o havia vaiado. A aparente maturidade do elenco em se blindar em meio à polêmica demonstra força mental que pode ser decisiva para o resto da temporada.
Os detalhes que podem custar caro
Apesar da vitória convincente, nem tudo foram flores na apresentação rubro-negra. O segundo tempo trouxe alguns momentos de desconcentração que, contra adversários mais qualificados, podem ser fatais. Aos 51 minutos, quando o Flamengo vivia seu pior momento no jogo, o Espérance cresceu e chegou a assustar Rossi em contra-ataques bem articulados.
Foi justamente nesse momento que brilhou a estrela de Jorginho, o estreante da noite, com um passe açucarado para Luiz Araújo ampliar o marcador. Mas a lição fica: essas "desligadas" momentâneas, que passaram despercebidas contra os tunisianos, podem ser letais contra Chelsea, Real Madrid ou Manchester City.
O técnico Filipe Luís demonstrou percepção tática ao promover as substituições necessárias — Plata e Bruno Henrique entraram nos lugares de Gerson e Pedro quando o time precisava de fôlego. Essa capacidade de leitura de jogo será fundamental nas próximas fases.
O próximo teste: Chelsea na sexta-feira
Com três pontos conquistados e liderança do Grupo D (por critério de desempate, já que o Chelsea também venceu por 2 a 0), o Flamengo se prepara para o confronto decisivo contra os ingleses na sexta-feira, às 15h. E aqui surge a pergunta que não quer calar: quem assistiu ao jogo do Chelsea contra o Los Angeles FC?
Se o Chelsea que enfrentar o Flamengo for o mesmo que vimos contra os americanos — sem muita inspiração ofensiva e dependendo mais da qualidade individual que do coletivo —, o Mengão tem todas as condições de fazer frente aos ingleses cara a cara. A diferença técnica não é abissal, e o fator emocional pode pender para o lado rubro-negro.





















Comments