A semana que sonhamos em janeiro: quatro dias para a eternidade
- Igor Schulenburg

- Nov 24
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O Flamengo que sobreviveu ao próprio roteiro Flamengo Libertadores 2025
Quando o ano começou, entre o calor de janeiro e as promessas de pré-temporada, todo rubro-negro imaginou este momento: a reta final da Flamengo Libertadores 2025 e do Brasileirão acontecendo ao mesmo tempo, numa semana que poderia definir uma década.
Pois bem — ela chegou.
Não houve sorte, houve resistência. Entre lesões, tropeços, mudanças internas e a maratona desgastante do futebol brasileiro, o Flamengo atravessou cada etapa até alcançar a tão sonhada Semana do Legado Rubro-Negro. São quatro dias — 25 a 29 de novembro — que podem redefinir a década e escrever mais um capítulo de grandeza.
E agora, diante do portal da glória, a ansiedade encontra a maturidade. Falta pouco. Muito pouco.
A história não cobra dívidas — exige afirmação
Esqueça qualquer narrativa de “acerto de contas com 2021”.O reencontro com o Palmeiras em uma final de Libertadores não é sobre feridas antigas: é sobre confirmar o presente.
Esta é a maior rivalidade interestadual da década.São dois projetos consistentes, dois elencos que se acostumaram a disputar tudo. Em Lima, não veremos revanche — veremos afirmação. O Flamengo tem a chance de transformar o tropeço de Montevidéu em mera exceção dentro de uma era de hegemonia.
A pressão não é trauma. É responsabilidade.
Filipe Luís e a frieza que o momento exige
Se o coração está na arquibancada, o gelo está no banco.Na sua primeira final continental como treinador, Filipe Luís encara a semana mais importante da vida pós-gramado com precisão cirúrgica.
A decisão de poupar titulares contra o Atlético-MG, mesmo com o Brasileirão praticamente encaminhado, foi um gesto de maturidade institucional. Ele enxergou a logística exaustiva — jogar, viajar, voltar, embarcar para Lima — e tomou a única decisão possível: preservar o grupo para o jogo que define legados.
Não é covardia, é cálculo.A Glória Eterna pede esse tipo de sacrifício.
Profundidade como arma — mesmo sem Pedro
Chegar à reta final sem Pedro dói na alma e no campo.O Flamengo perde sua referência, seu pivô, seu centro gravitacional no ataque. Mas, se o ano ensinou algo, foi isto: onde faltou a peça ideal, sobrou coletivo.
Bruno Henrique, o homem nascido para noites continentais, assume o comando ofensivo sem tentar ser outro jogador. Ele será caos, velocidade e profundidade — exatamente o que sabe ser.E o destino devolveu Everton Cebolinha inteiro na hora certa: perna leve, drible curto, chute venenoso. Um “reforço” inesperado para a reta final.
A estrutura tática não imita Pedro.Ela se adapta — e isso é o que times grandes fazem em semanas grandes.
Lima: o palco do choque entre dois mundos
Em Lima, veremos um duelo de ideias:— de um lado, o pragmatismo reativo de Abel Ferreira;— do outro, o jogo de posição híbrido, agressivo e sufocante de Filipe Luís.
A chave pode estar no ataque à profundidade — onde Bruno Henrique e Cebolinha podem ferir um Palmeiras que, em alguns momentos, sofre justamente com esse tipo de movimentação.
Mas acima da prancheta, existe o sentimento.Existe a noção de que o Flamengo chegou até aqui, viu o pior do ano, sobreviveu a tudo — e agora precisa apenas de uma noite perfeita.

AeroFla, coração e destino
O AeroFla previsto para quarta-feira não é apenas festa.É rito. É combustível emocional. É o abraço final entre time e torcida antes da batalha.
O Flamengo pode fechar a semana com uma dobradinha histórica, ecoando 2019. Pode suar mais um pouco. Não importa.
O que importa é que chegou onde queria chegar. E que está, finalmente, diante da semana que todo rubro-negro visualizou em janeiro.
O topo está logo ali.
A eternidade está logo ali.
Falta pouco. Muito pouco.




















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