Esse drama era mesmo necessário?
- Igor Schulenburg

- Sep 27
- 2 min read

A noite de Libertadores tem seus próprios deuses, seus próprios rituais e, acima de tudo, sua própria lógica. É um território onde o favoritismo no papel se desmancha diante da intensidade em campo. O Flamengo, mais uma vez, parece ter esquecido dessa lição fundamental. A classificação para a semifinal, conquistada nos pênaltis contra um valente Estudiantes em La Plata, veio. Mas o torcedor, ao invés de celebrar com euforia, respira aliviado e se pergunta: precisava ser assim?
O cenário pré-jogo era de um favoritismo rubro-negro quase protocolar. Depois de uma vitória magra no Maracanã, esperava-se que o time de maior investimento e qualidade técnica impusesse seu ritmo na Argentina. A expectativa não era de um espetáculo, mas de uma atuação segura, controlada, de quem sabe o que quer na competição. O que se viu, no entanto, foi o oposto.
Durante 90 minutos, o Flamengo foi uma equipe apática, irreconhecível. Longe da intensidade que a competição exige, o time se arrastou em campo. Faltou repertório, faltou vontade, faltou a "faca nos dentes" que transforma equipes em campeãs continentais. O meio-campo não criou, o ataqu
e foi inoperante e a defesa, que pouco foi exigida, pareceu desconfortável com a atmosfera. O Estudiantes, com suas limitações, fez o que se esperava: lutou, marcou, acreditou. E, em uma jogada que nasceu mais da insistência do que da técnica, achou seu gol. Um castigo justo para a passividade flamenguista.

O apito final com a derrota no tempo normal foi a crônica de um vexame anunciado. O time que sonha com o topo da América se via levado à marca da cal, o reduto final do imponderável. E ali, no drama dos pênaltis, a história mudou. A competência dos batedores e a segurança do goleiro Rossi garantiram a vaga que o futebol apresentado em campo não mereceu.
Agora, o calendário aponta para o Racing. E o alerta está mais do que ligado; ele soa como uma sirene. O time de Avellaneda é mais qualificado, mais experiente e certamente não perdoará a apatia demonstrada em La Plata. A classificação veio, mas a performance foi de eliminação. Para seguir sonhando com a Glória Eterna, o Flamengo precisa entender, de uma vez por todas, que a Libertadores não se joga. A Libertadores se compete. E a competição passou longe do gramado do Estádio Jorge Luis Hirschi. O drama foi superado, mas deixou uma cicatriz de desconfiança. Contra o Racing, não haverá espaço para novos sustos.





















Comments