Rivalidade em alta: quando seu maior rival deixa de ser estadual
- Igor Schulenburg

- Oct 18
- 2 min read

Antes, se você perguntasse para um torcedor do Clube de Regatas do Flamengo qual era seu grande rival, as respostas vinham automáticas: Club de Regatas Vasco da Gama ou Fluminense Football Club — os duelos que acendiam o Maracanã, inflamavam a arquibancada, tinham cheiro de final todo ano.
Mas agora… o que vemos é outro cenário. A cada campeonato, a cada taça disputada, a cada troféu levantado, há um nome que causa aceleração de batimentos: Sociedade Esportiva Palmeiras. Não me leve a mal: ainda amo o clássico carioca, ainda vibro com a geografia da nossa rivalidade local. Mas é inegável que hoje o palco é maior e o adversário se veste de verde. E o Flamengo sabe bem disso.
Lembro‑me desse momento que ficou gravado: 2001. O Flamengo bateu o Vasco por 3×1 na final do Carioca, com gol de falta do Pet aos 43 minutos do segundo tempo — aquele suspiro final para garantir o tricampeonato estadual (1999‑2000‑2001). Um momento de mando, intimidação, superioridade local. Depois, os anos 2007‑2008‑2009: outro tri estadual, agora sobre o Botafogo — o Flamengo mostrando quem comanda no quintal.

Mas o futebol mudou. O rival mudou. O jogo mudou. Hoje o duelo com o Palmeiras já não é “só” sobre quem domina o Rio ou São Paulo. É sobre quem domina o Brasil. A mídia foca, os troféus pesam, o mercado se agita, os “clássicos” saem dos portões dos estádios para as chamadas nas redes, para os bastidores. A rivalidade se nacionalizou.
Para o flamenguista, isso traz um coquetel de emoções: orgulho por estar no mesmo nível que um gigante paulista; inquietação porque o adversário não é mais “do lado de lá”, mas “ali do outro edifício”, pronto para atravessar a cidade. E sim: existe uma pitada de ironia — porque se antes o ritual era “derrotar o do bairro”, agora é “medir forças com o do estado vizinho”.
Se querem nos eleger ‘o rival’, beleza — considerada a escolha. Mas não escondam que por trás das novas rivalidades existe um passado que gritava mais alto. O velho Maracanã, os clássicos com Vasco, Flu e Botafogo, as glórias que construímos — isso nunca foi figurante.
O palco mudou, o país se tornou maior, mas a fogueira rubro‑negra? Está longe de apagar. Então, rival de verde, prepara‑se: você empresta a camisa para o Brasileiro, para a Libertadores, para o troféu. Nós estaremos lá, munidos de paixão, posse de bola, contra‑ataque e a memória de tudo que já passei e do que vamos ainda passar. Que o próximo capítulo venha — e que o campo, a bola e as arquibancadas contem a história. Porque para narrativas já bastam os jornais. Aqui, o que importa é jogar, vencer, levantar a taça e ouvir a torcida gritar “é campeão”.






















Comments