O mérito inegociável (e os três pontos que valem o mesmo que os próximos)
- Igor Schulenburg

- Oct 20
- 2 min read

Chamaram de "final antecipada". Durante uma semana, o Brasil parou para tratar o Flamengo x Palmeiras de ontem como o dia do apocalipse no Campeonato Brasileiro. Era o líder contra o vice-líder. Era o Maracanã com mais de 70 mil pessoas. Era, supostamente, o jogo que entregaria a taça.
E que jogão foi.
Terminou 3 a 2 para o Flamengo. Um placar que reflete a intensidade de uma partida onde Pedro decidiu ser o dono do campo: sofrendo pênalti, dando assistência para Arrascaeta e guardando o seu. Foi um Flamengo que, especialmente no primeiro tempo, soube ser letal e construir a vantagem que lhe deu o direito de vencer. Mas, assim que o apito encerrou o jogo, vieram os "poréns". Flamengo vence Palmeiras
Vamos ser diretos: a arbitragem de Wilton Pereira Sampaio não foi das melhores.
Sim, o Palmeiras tem razão em reclamar do pênalti não marcado em Gustavo Gómez no início do jogo. Da mesma forma, haverá eterna discussão sobre o lance do pênalti em Pedro, com alegações de falta na origem, ou de um "encontrão" de basquete (como disse Abel Ferreira). E é exatamente aí que mora o ponto: a arbitragem no Brasil não é ruim; ela é endêmica. Ela é uma instituição falida que distribui incompetência democraticamente há décadas.
Tentar resumir a vitória do Flamengo a esse caos, no entanto, é uma desonestidade intelectual. É tentar apagar o mérito de um time que venceu o confronto direto. É usar a muleta conveniente da arbitragem para esconder os próprios erros e, principalmente, para diminuir a performance rubro-negra.

Como bem provocou Filipe Luís após o jogo, "se tem alguém que não pode reclamar de arbitragem é o Palmeiras". O Flamengo não tem nada a ver com isso. Não temos culpa se o VAR e o juiz de campo se atrapalham com as próprias regras. O Flamengo venceu porque jogou para vencer. O 3 a 2 foi construído em campo, não na cabine do VAR.
O mais irônico é que, no fim das contas, a tal "final antecipada" provou que não era final. Uma final coroa um campeão. O jogo de ontem não coroou ninguém. O Flamengo venceu, igualou os 61 pontos do rival, mas... continua em segundo lugar pelo número de vitórias.
A "final", portanto, foi desmascarada. Ela não valeu seis pontos, nem valeu a taça. Ela valeu os mesmos três pontos que valerá o próximo jogo. A vitória foi fundamental, saborosa, crucial, mas não definitiva.
Tirar o mérito do Flamengo por causa de Wilton Pereira Sampaio é dar poder demais a quem não merece. O mérito é de Pedro, de Arrascaeta, de Jorginho. O mérito é da Nação que empurrou o time. A vitória é limpa. O choro é livre. E o campeonato? Esse continua pegando fogo.






















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