Léo Ortiz e Léo Pereira: A dupla infernal... e letal!

Há algo de poético em ver uma defesa bem armada. No futebol, onde o brilho costuma ser reservado aos atacantes, é raro que os zagueiros recebam os holofotes. Mas, ultimamente, Léo Ortiz e Léo Pereira vêm mudando esse roteiro no Flamengo. Não é de hoje que jogam bem, mas os últimos jogos escancararam o protagonismo dessa dupla, que não só protege a meta, como também decide partidas.

Nos dois compromissos mais recentes do Brasileirão, foram eles os responsáveis diretos pelos seis pontos que mantêm o Flamengo isolado na liderança, mesmo com um jogo a menos. Em tempos de tabelas apertadas e pressão constante, é um feito e tanto. E não se trata apenas de números: Ortiz e Pereira têm mostrado uma versatilidade rara. Defendem com firmeza, saem jogando com qualidade e, quando sobem ao ataque, são letais. Com Filipe Luís, a escolha é conceitual e remete à busca por um futebol mais propositivo, onde a defesa não é apenas muralha, mas também ponto de partida para o ataque.

É curioso pensar como o futebol reflete a sociedade. Em um país que valoriza o improviso e a criatividade, ver zagueiros assumindo o papel de protagonistas é quase uma subversão. Mas talvez seja esse o segredo do sucesso: reinventar-se, não se acomodar. Ortiz e Pereira são exemplos de profissionais que entenderam que, para se destacar, é preciso ir além do óbvio. E o Flamengo, que já foi criticado por oscilar defensivamente, agora colhe os frutos de uma aposta ousada.

No fim das contas, o futebol é feito de ciclos. E, neste momento, o ciclo rubro-negro é comandado por dois Léos que, juntos, mostram que defender também é arte — e, às vezes, é o caminho mais curto para a vitória.