Entre o recorde de público e as escolhas que deixam dúvidas
- Igor Schulenburg

- Oct 3
- 2 min read

A noite de quinta-feira (02/10) no Maracanã ficará marcada por dois extremos: o recorde histórico de público — 72.565 torcedores presentes, o maior do futebol brasileiro em 2025 e do novo Maracanã em jogos entre clubes — e a frustração de um empate sem gols que deixou mais perguntas do que respostas.
O Flamengo, líder do Brasileirão com 55 pontos, tinha tudo para disparar na competição. Mas o que se viu foi um time que cruzou, cruzou e cruzou... para ninguém. A escolha tática de Filipe Luís chamou atenção: sem um atacante de ofício, o técnico escalou Gonzalo Plata centralizado, numa formação que privilegiou a velocidade e a movimentação, mas que esbarrou num problema básico — faltou quem ocupasse a área adversária.
Durante boa parte da partida, o Flamengo teve volume ofensivo, mas sem efetividade. Samuel Lino e Plata buscaram os cruzamentos pelas pontas, mas não havia referência no meio. Carrascal tentou aparecer, Arrascaeta flutuou, mas o jogo pedia presença física, alguém que brigasse com os zagueiros do Cruzeiro. E esse alguém estava no banco: Pedro. O camisa 9 só entrou aos 35 minutos do segundo tempo. Tarde demais para mudar o rumo de uma partida que já estava travada.
A entrada tardia de Pedro levanta uma reflexão: por que não coloca-lo justamente num confronto direto, em casa, diante de 72 mil pessoas e com a chance de abrir sete pontos de vantagem para o Cruzeiro? Não se trata de criticar ferozmente Filipe Luís, que vem fazendo um trabalho sólido à frente do Flamengo. Mas é preciso questionar se, em momentos decisivos como esse, a cautela não acaba se tornando um tiro no pé. O Palmeiras agradece: com 52 pontos e um jogo a menos, o Alviverde segue colado na liderança. E o próprio Cruzeiro, que jogou com um a menos após a expulsão de William aos 37 do segundo tempo, saiu do Maracanã com um ponto precioso.

O empate não é uma tragédia, mas é uma oportunidade perdida. Outubro promete ser decisivo na briga pelo título, com confrontos diretos entre Flamengo, Cruzeiro e Palmeiras. E em jogos assim, cada ponto deixado pelo caminho pode pesar lá na frente.
A torcida fez sua parte — mais uma vez bateu recorde. Agora, cabe ao time e à comissão técnica encontrarem o equilíbrio entre inovação tática e pragmatismo. Porque futebol, no fim das contas, ainda se resolve dentro da área. E quando você cruza sem ter ninguém lá, o resultado é esse: muito barulho, nenhum gol.






















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