Eles são bons, mas também erram: as vulnerabilidades do Bayern que o Flamengo pode explorar
- Igor Schulenburg

- Jun 28
- 5 min read

O confronto entre Flamengo e Bayern de Munique pelas oitavas de final do Mundial de Clubes 2025 promete ser um dos mais eletrizantes da competição. De um lado, o gigante bávaro, com seu elenco estrelado e orçamento bilionário. Do outro, o Mengão, representando não apenas o futebol brasileiro, mas toda a América do Sul neste duelo de titãs.
A narrativa dominante na imprensa internacional é clara: o Bayern é amplamente favorito. E não poderia ser diferente, considerando o histórico recente, a qualidade individual de seus jogadores e a estrutura profissional do clube alemão. No entanto, como bem sabemos no futebol, não existe invencibilidade absoluta. Até os maiores gigantes têm suas fragilidades – e o Bayern não é exceção.
Neste artigo, mergulhamos em uma análise tática detalhada das vulnerabilidades do time alemão que o Flamengo pode – e deve – explorar no confronto de domingo. Porque sim, eles são bons, mas também erram.
## A PRESSÃO ALTA E SEUS ESPAÇOS
Uma das características mais marcantes do Bayern é a pressão alta e intensa, especialmente nos primeiros minutos de jogo. Esta estratégia, quando bem executada, sufoca o adversário e frequentemente resulta em gols precoces que definem o rumo da partida.
No entanto, esta mesma virtude carrega consigo uma vulnerabilidade significativa: os espaços deixados nas costas da defesa. Em jogos recentes contra o Stuttgart e o Leverkusen, o Bayern foi exposto justamente neste aspecto. Quando a primeira linha de pressão é superada, abre-se um vasto território entre a defesa e o meio-campo, especialmente pelos corredores laterais.
Para o Flamengo, esta é uma oportunidade de ouro. Com a velocidade de Plata e Bruno Henrique, por exemplio, pelas pontas, além da capacidade de Jorginho de encontrar passes verticais precisos, o time rubro-negro tem as ferramentas ideais para transformar a pressão alta do Bayern em uma armadilha contra os próprios alemães.
## A AUSÊNCIA DE KIMMICH: UM BURACO NO MEIO-CAMPO
A suspensão de Joshua Kimmich para o confronto contra o Flamengo é, sem dúvida, um dos fatores mais relevantes para a partida. O alemão não é apenas mais um jogador no elenco bávaro – ele é o cérebro da equipe, o organizador que dita o ritmo e conecta defesa e ataque com maestria.
Sem Kimmich, o Bayern perde muito mais do que um simples volante. Perde seu principal distribuidor de jogo, aquele que acerta 94% dos passes e cria uma média de 2,7 chances claras por partida. Sua ausência obriga Xabi Alonso a improvisar, seja com Goretzka em uma função mais recuada ou com Palhinha, que apesar de excelente marcador, não tem a mesma qualidade de passe do alemão.
Esta fragilidade ficou evidente no último jogo do Bayern pela Bundesliga, quando, mesmo vencendo, o time demonstrou dificuldades na transição da defesa para o ataque. O primeiro passe após a recuperação da bola – especialidade de Kimmich – frequentemente saía impreciso, interrompendo contra-ataques promissores.
Para o Flamengo, a estratégia deve ser clara: pressionar intensamente o substituto de Kimmich, forçando erros na saída de bola. Com Jorginho e Pulgar bem posicionados no meio-campo, o Rubro-Negro pode interceptar esses passes imprecisos e criar situações perigosas de contra-ataque.
## VULNERABILIDADE NAS BOLAS PARADAS
Outro ponto frágil do Bayern que merece destaque são as bolas paradas defensivas, especialmente escanteios e faltas laterais. Nas últimas 10 partidas, o time alemão sofreu 5 gols em situações de bola parada – um número preocupante para uma equipe deste calibre.
A análise detalhada revela um padrão: o Bayern tem dificuldades específicas em defender o segundo poste em escanteios. A marcação zonal utilizada por Xabi Alonso deixa espaços que podem ser explorados com movimentações bem trabalhadas e finalizadores precisos.
O Flamengo, com a qualidade de cobrança de Arrascaeta e a presença física de jogadores como Pedro, Léo Ortiz e Danilo, tem todas as ferramentas para explorar esta fragilidade. Não seria surpresa se um gol rubro-negro saísse justamente de uma bola parada bem trabalhada.
## A DEFESA ALTA E O ESPAÇO NAS COSTAS

A linha defensiva do Bayern habitualmente atua muito adiantada, participando ativamente da construção ofensiva e mantendo o time compacto. Esta característica, embora fundamental para o estilo de jogo proposto, traz consigo um risco considerável: o espaço nas costas dos zagueiros.
Upamecano e De Ligt, apesar de excelentes defensores, não são particularmente velozes. Em situações de contra-ataque rápido, especialmente quando a bola é recuperada pelo adversário em seu campo defensivo, a dupla de zaga bávara pode ser exposta.
O Flamengo tem em Pedro um centroavante inteligente, capaz de atrair marcadores e abrir espaços para a entrada de meias como Arrascaeta e Gerson. Esta movimentação, combinada com a velocidade dos pontas, pode criar situações de superioridade numérica contra a defesa adiantada do Bayern. Mas talvez no segundo tempo. Pedro ainda não vem bem.
A estratégia para explorar esta vulnerabilidade passa por uma transição rápida e vertical. Recuperar a bola e, em no máximo três passes, atacar o espaço nas costas da defesa alemã. O timing é crucial: nem tão cedo, quando os zagueiros ainda estão bem posicionados, nem tão tarde, quando já tiveram tempo de recuar.
## O DESGASTE FÍSICO E O FATOR CLIMÁTICO
Um aspecto frequentemente subestimado em confrontos intercontinentais é o fator climático e o desgaste físico. O Bayern chega a Miami após uma longa temporada europeia, com jogadores que acumulam mais de 50 partidas nas pernas. Além disso, o calor e a umidade da Flórida são condições às quais os alemães não estão habituados.
Este cenário favorece naturalmente o Flamengo, cujos jogadores estão mais acostumados a atuar em condições climáticas semelhantes. O desgaste físico tende a se manifestar especialmente na segunda metade do jogo, quando a intensidade do Bayern costuma diminuir consideravelmente.

A estratégia para o Flamengo deve considerar este fator: resistir ao ímpeto inicial do Bayern e, com o passar do tempo, impor seu ritmo de jogo, explorando o cansaço dos alemães. Após os 60-70 minutos, os espaços tendem a aumentar e a precisão técnica dos bávaros costuma diminuir – momento ideal para o Rubro-Negro ser mais agressivo ofensivamente.
## A PRESSÃO DO FAVORITISMO
Por fim, um fator intangível, mas não menos importante: a pressão psicológica. O Bayern entra em campo carregando o peso do favoritismo absoluto. Qualquer resultado que não seja uma vitória convincente será visto como fracasso pela imprensa europeia e pelos próprios torcedores bávaros.
Esta pressão pode ser paralisante, especialmente se o jogo não fluir como o esperado nos minutos iniciais. Jogadores acostumados a dominar partidas podem se tornar ansiosos quando o placar permanece inalterado por muito tempo, levando a decisões precipitadas e erros não forçados.
O Flamengo, por outro lado, tem tudo a ganhar e pouco a perder. Esta liberdade psicológica pode ser um trunfo valioso, permitindo que os jogadores rubro-negros atuem com menos pressão e mais criatividade.
## CONCLUSÃO: VAI TER JOGO!
Após esta análise detalhada das vulnerabilidades do Bayern, fica claro que, apesar do favoritismo alemão, o Flamengo tem caminhos concretos para buscar a vitória. A ausência de Kimmich, as fragilidades em bolas paradas, os espaços deixados pela pressão alta e pela linha defensiva adiantada, além dos fatores climáticos e psicológicos, são elementos que podem equilibrar o jogo.
O Bayern é, sem dúvida, uma equipe extraordinária – talvez a melhor do mundo atualmente. Mas também é uma equipe humana, sujeita a erros e vulnerabilidades como qualquer outra. E o Flamengo, com sua qualidade técnica, experiência internacional e a preparação meticulosa de Filipe Luís, tem todas as condições de explorar estas fragilidades.
A Nação estará unida, de Miami ao Rio de Janeiro, para testemunhar o que pode ser um dos capítulos mais gloriosos da história rubro-negra. Porque contra o Flamengo, não há favorito absoluto. Há apenas 90 minutos onde tudo é possível.






















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