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Dois Flamengos em campo: Como o rendimento do Fla tem despencado no segundo tempo

  • Writer: Maiara Ramos Siqueira
    Maiara Ramos Siqueira
  • Aug 14
  • 3 min read
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Estava tudo perfeito no Maracanã. Flamengo dominando, Internacional praticamente sumido de campo, Bruno Henrique fazendo o que sabe fazer de melhor contra os gaúchos. Mas eis que veio o segundo tempo, e com ele, uma sina que vem assombrando o Rubro-Negro: a queda brusca de rendimento que transforma uma exibição majestosa em uma luta pela sobrevivência. Nos últimos quatro jogos, o padrão se repete com uma regularidade assustadora, e nem mesmo Filipe Luís tem todas as respostas.


A vitória por 1 a 0 sobre o Inter, na noite de quarta-feira, foi apenas o capítulo mais recente de uma novela que já dura semanas. Contra o Internacional, contra Atlético-MG, Mirassol e Ceará - todos seguiram o mesmo roteiro: primeiro tempo de gala, segundo tempo de sufoco. É como se o Flamengo fosse duas equipes distintas vestindo a mesma camisa, e a pior das duas sempre aparece depois do intervalo.


Filipe Luís não fugiu da responsabilidade e foi direto ao ponto na coletiva pós-jogo. "Fizemos um grande primeiro tempo, plano de jogo funcionou perfeitamente, tivemos muito volume para fazer gol. Infelizmente, só fizemos um. O Inter voltou diferente, mas a verdade é que hoje tenha sido por conta de erros técnicos individuais, que nos tiraram o domínio e o controle", admitiu o treinador, reconhecendo que o problema vai além das mudanças táticas adversárias.


A explicação técnica é clara: erros individuais fazem o time correr mais, perder a estrutura e se partir no campo. "A cada vez que recuperávamos a bola, éramos extremamente verticais. Não tivemos essa paciência, nem conseguimos montar nossa estrutura direito. No fim das contas, acabou que o time se partiu", detalhou Filipe Luís.

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Mas o que mais preocupa é que não é um problema isolado. Comentaristas e ex-jogadores já começaram a questionar se há uma questão física por trás das quedas sistemáticas. Pilhado, do programa Canelada, foi ainda mais incisivo: "Todo jogo esse Flamengo cai no segundo tempo. Uma hora isso tem que mudar. Isso já deve fazer uns dois anos, que o Flamengo sempre tem o preparo físico pior do que os adversários".


A tese do próprio Filipe Luís sobre as mudanças dos adversários no intervalo tem fundamento, mas não explica tudo. "É muito difícil para um treinador quando você faz um primeiro tempo quase perfeito, com poucos erros e poucos ajustes a fazer. E sabendo que o outro treinador vai mudar. Só que eu não sei o que ele vai fazer, qual sistema, trocas", explicou o técnico, admitindo a dificuldade de se antecipar aos ajustes rivais.


Há também o fator psicológico. O próprio Filipe Luís levantou a hipótese de que o resultado favorável pode influenciar na postura do time. "Essa queda no segundo tempo é sempre quando o time está com um resultado favorável", observou, sugerindo que a vantagem no placar pode gerar acomodação inconsciente.


O problema ganhou proporções que vão além dos números. Mesmo vencendo, o Flamengo tem mostrado "duas caras" - domínio e controle no primeiro tempo, queda de produtividade e sufoco no segundo. É uma realidade que incomoda torcedores, preocupa especialistas e desafia a comissão técnica a encontrar soluções urgentes.


Para o confronto de volta no Beira-Rio, onde um empate classifica o Rubro-Negro, o desafio é duplo: manter a intensidade por 90 minutos e quebrar o padrão que vem se repetindo. Porque se o Flamengo continuar sendo dois times em um só, pode acabar pagando um preço alto na reta final da temporada.

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