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A Nação fez barulho. Bruno Henrique também.

  • Writer: Igor Schulenburg
    Igor Schulenburg
  • Aug 14
  • 3 min read
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A noite de 13 de agosto de 2025 chegou ao Maracanã como chegam as grandes noites: carregada de expectativa, perfumada pelo cheiro da grama úmida e temperada pela ansiedade que só uma Libertadores sabe provocar. Flamengo e Internacional se olharam nos olhos, como dois gigantes que sabem da grandeza um do outro, mas que só um pode seguir adiante.


O Colorado chegou ao Rio numa missão quase impossível: quebrar a sina contra um Bruno Henrique que parece ter vendido a alma ao capeta toda vez que veste rubro-negro contra os gaúchos. Desde 2019, o camisa 27 não perdoa. E ontem, mais uma vez, ele seria o protagonista de uma história que os colorados conhecem de cor, mas que insistem em reviver como quem tenta acordar de um pesadelo recorrente.


O primeiro tempo foi uma sinfonia em vermelho e preto. O Flamengo teve 73% da posse de bola, transformou o campo em um mar rubro-negro e fez do Internacional um time perdido em sua própria identidade. Parecia um daqueles jogos em que o resultado é inevitável, mas que o futebol insiste em torturar os corações até o último minuto.


Aos 12 minutos, Luiz Araújo pegou a bola na direita, cortou para dentro e soltou uma bomba. Rochet se esticou todo, como um guardião defendendo seu castelo, e fez uma defesa espetacular. Era o aviso: o Flamengo estava faminto, e a noite seria longa para quem vestia as cores do Inter.

Mas como toda grande história precisa de seu momento decisivo, ele chegou aos 27 minutos. Luiz Araújo na cobrança de escanteio, a bola navegando pela pequena área como uma oração susurrada, e Bruno Henrique – sempre ele! – subindo sozinho, livre como um pássaro, para cabecear no cantinho e fazer explodir os mais de 67 mil corações que batiam em uníssono no templo da Gávea.


Era o gol número 103 do atacante com a camisa rubro-negra, o 30º de cabeça, mas principalmente era o terceiro gol em três jogos contra o Internacional na Libertadores. Uma sina que se perpetua, um destino que se repete, uma maldição colorada que ganha novos capítulos a cada encontro.


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O segundo tempo trouxe um Internacional diferente. Roger Machado, que no primeiro tempo parecia ter orientado seus jogadores a "não jogar", mudou a postura e colocou o Colorado para pressionar. Durante 30 minutos, foi só Inter no jogo. O Flamengo, que dominara soberano na etapa inicial, não passava do meio-campo. Vitinho teve sua chance, Rochet continuou fazendo milagres, e por um momento, só por um momento, pareceu que a história poderia ter outro final.


Mas eis que o futebol – esse esporte cruel e belo – prega suas peças. Quando o Inter mostrava que podia jogar, quando mostrava que tinha futebol para incomodar, Roger decide desmontar o que estava funcionando. Tira Tabata, recua as linhas, e entrega de volta ao Flamengo o controle que havia perdido. Como se incomodasse ver o próprio time bem, como se a esperança fosse um sentimento perigoso demais para ser alimentado.


Nos acréscimos, Luiz Araújo ainda teve a chance de selar a noite rubro-negra, mas Rochet – o goleiro que ontem lutou sozinho contra uma maré vermelha – fez mais uma defesa impossível, com os pés, num lance que poderia ter fechado o caixão colorado de vez.


Quando o árbitro argentino Darío Herrera apitou o fim do jogo, o Maracanã celebrava mais do que uma vitória: celebrava a perpetuação de uma tradição, a continuidade de uma sina, a confirmação de que algumas histórias nascem para se repetir. Bruno Henrique, mais uma vez carrasco, mais uma vez algoz, mais uma vez o nome que os torcedores colorados vão tentar esquecer até o próximo encontro.


Agora é esperar o Beira-Rio. E quando se trata de Flamengo e Internacional na Libertadores, quando se trata de Bruno Henrique contra o Colorado, a história já parece escrita antes mesmo da bola rolar.

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