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Mundial de Clubes: O jogo começa fora dos gramados

  • Writer: Igor Schulenburg
    Igor Schulenburg
  • Jun 13
  • 3 min read
Troféu da Copa do Mundo de Clubes da FIFA
Troféu da Copa do Mundo de Clubes da FIFA

A bola vai começar a rolar, mas não é só mais uma partida. E finalmente chegou: vai começar a primeira Copa do Mundo de Clubes da FIFA, um evento que promete mudar o futebol para sempre — ou pelo menos é isso que a entidade máxima do esporte quer fazer crer.


O torneio, que reúne 32 clubes de todos os continentes, tem ares de Copa do Mundo mesmo: grupos, mata-mata, cidades-sede espalhadas pelos Estados Unidos, e uma ambição de ser, finalmente, o palco onde o melhor clube do planeta será coroado. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, compara a iniciativa à primeira edição da Copa do Mundo de seleções, em 1930, quando só europeus e sul-americanos participavam. Agora, times de lugares menos visados pela mídia global terão seu momento ao sol.


Mas, como em todo grande evento, a preparação foi repleta de polêmicas, brigas e expectativas divididas. A rixa entre UEFA e FIFA é antiga, mas ganhou novo capítulo com a criação do Mundial de Clubes. A UEFA, dona da Champions League — a competição de clubes mais valiosa e prestigiada do planeta — não vê com bons olhos a tentativa da FIFA de criar um novo campeonato global, que promete prêmios milionários e atenção mundial. O embate é por poder, dinheiro e influência: a UEFA arrecada mais que a FIFA e não quer perder espaço. A resposta da FIFA foi ampliar o Mundial, prometer mais dinheiro aos clubes e tentar conquistar o coração dos torcedores globais.


Enquanto isso, os critérios de classificação viraram motivo de debate. Limite de dois clubes por país, seleção baseada em desempenhos dos últimos quatro anos, exclusões por conflitos de propriedade — tudo isso fez com que gigantes como Barcelona, Liverpool, Milan e até mesmo o Al-Nassr, de Cristiano Ronaldo, ficassem de fora. O resultado é um torneio que, embora reúna grandes nomes, deixa a desejar em termos de estrelas e rivalidades históricas. Alguns dizem que o critério é justo e democrático, outros acham que tira o brilho da competição.


O período de preparação foi marcado por altos e baixos. De um lado, a organização rubro-negra do Flamengo, que montou uma delegação de 78 pessoas e levou mais de três toneladas de equipamentos para os Estados Unidos, mostrando que o clube encara a competição como uma oportunidade de mostrar ao mundo seu profissionalismo e seu projeto esportivo. De outro, a baixa procura por ingressos, preços altos, descontos de última hora e estádios longe de lotados, especialmente fora das partidas dos grandes clubes europeus. Além disso, protestos sociais em cidades-sede e um cenário político tenso nos EUA também entraram no pacote dos desafios extra-campo.


E o legado? O que fica depois que a bola parar de rolar? A FIFA promete investir US$ 1 milhão em cada uma das 11 cidades-sede para construir minicampos e apoiar projetos sociais, tentando deixar algo mais do que apenas memórias de jogos. Mas, como aprendemos com as Copas do Mundo, legado não é só tijolo e cimento. É também o despertar do interesse pelo futebol em um país ainda pouco afeito ao esporte, é o profissionalismo e a experiência internacional para clubes e dirigentes, é o orgulho de participar de algo histórico.


Ainda assim, há dúvidas. Será que o torneio vai realmente se consolidar como uma nova era no futebol, ou será apenas mais uma competição no calendário já abarrotado de jogos? O FIFPro e muitos jogadores reclamam do excesso de partidas, da sobrecarga física e mental, e questionam se vale a pena tanto esforço. A torcida, por sua vez, parece ainda desconfiada, mas curiosa.


No fim das contas, a primeira Copa do Mundo de Clubes da FIFA já nasce cercada de expectativas, críticas e esperanças. E, como em toda grande história, só saberemos o desfecho quando a última bola for chutada e o último grito de gol for ouvido. Até lá, resta torcer, questionar e, claro, curtir o espetáculo — porque, afinal, futebol nunca foi só futebol. É paixão, é negócio, é política, é vida.


E, para o torcedor rubro-negro, é mais uma chance de ver o Flamengo entre os grandes do mundo. Que vença o melhor — e sonhar não custa nada.

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